
22 fev Crie seu “Deal Room” antes de falar com investidores
A maioria dos investidores anjo do Vale do Silício recomenda que os fundadores de startups comecem a criar o seu Deal Room (sala de negociações com investidores) mesmo antes de começarem a pensar em levantar a sua primeira rodada de investimento. Desde o primeiro momento em que um empreendedor faz contato com um grupo de investidores, ou um investidor individual, ali já começa a due diligence (auditoria), antes mesmo de haver interesse de investimento. Ter um Deal Room bem estruturado com todas as principais informações indica para os investidores que o empreendedor sabe o que é necessário e está bem organizado. Manter um Deal Room também ajuda na prontidão e evita uma correria para reunir itens vitais de última hora.
Os empreendedores devem manter uma pasta na “nuvem”, por exemplo, Google Drive, DropBox ou qualquer outra ferramenta de compartilhamento de arquivos na nuvem. Já surgiram startups que oferecem um armazenamento personalizado, dentro das características especificas para esse fim, como a Carta.
Os principais itens que precisam estar sempre atualizados e preparados são os seguintes:
- Registro da Empresa. Isso inclui o contrato social e os respectivos estatutos. A maioria dos investidores anjos nos Estados Unidos prefere investir em C-corps (equivalente a S.A., em vez de LLCs, equivalentes a LTDA). Eles têm preferência que a incorporação seja feita no estado de Delaware, por este ser o estado com melhor segurança jurídica para proteção dos investidores e seus investimentos.
- Atas do Conselho. Reúna o conjunto completo de atas do conselho e todas as notas da reunião de acionistas. É importante que as resoluções do conselho se alinhem à tabela de limites e à remuneração dos funcionários. Se não for esse o caso, é melhor tentar alinhá-los antes de entrar em campo para buscar investimentos.
- Propriedade intelectual. Inclua cópias de todas as patentes emitidas, bem como os títulos e datas de depósito de patentes provisórias. É útil, mas não essencial, resumir as principais reivindicações de quaisquer patentes, bem como compartilhar qualquer liberdade de operar descobertas. Se a empresa tiver quaisquer acordos de licenciamento, eles devem incluir aqueles na sala de negociação. E se a empresa está licenciando qualquer PI de outras entidades, essas licenças também devem ser incluídas.
- Cap Table. Certifique-se de que o seu cap table inclua todas as formas de investimentos, seja atual e esteja em um formato comum. É possível encontrar modelos na web, como a Carta, onde se consegue começar gratuitamente, ou o seu advogado pode ter uma planilha que ele prefira usar. Novamente, certifique-se de que o cap table esteja alinhado com as respectivas referências nas Atas do Conselho. Esteja preparado para compartilhar os nomes e as informações de contato de investidores atuais. Importante deixá-los avisados de que serão procurados.
- Finanças. Inclua três anos de P&L, fluxo de caixa e declarações de balanço. Não há necessidade de serem auditados de forma independente. Não esqueça de incluir uma previsão de fluxo de caixa para cinco anos e pontuar as possíveis rodadas futuras de captação.
- Equipe. Na due diligence se quer conhecer bem os principais componentes do time e ver todos os currículos da equipe de gestão e assessores, bem como todos os contratos de trabalho. Esteja preparado para verificações de referência de antecedentes em membros selecionados da equipe, portanto, preparar isso com antecedência pode economizar muito tempo.
- Mercado. Inclua todos os possíveis acordos de parceria, a lista dos principais clientes atuais e respectivas receitas, e esteja preparado para compartilhar os seus contatos, pois na diligência, alguns dos clientes serão selecionados para serem contatados para uma entrevista. Outro componente da due diligence será a visualização do pipeline de vendas e como ele está crescendo. Uma dica importante aqui vinda do Vale: tenha certeza que o seu funil de vendas esteja conectado com o seu SOM, afinal, esta deve ser a fatia do mercado que você consegue conquistar rapidamente.
- Estrutura do Deal. Certifique-se de ter estabelecido os parâmetros do term sheet e milestones esperados do negócio. Se você já tem alguma captação realizada, você precisa listar o nome do lead investor, qualquer termo de compromisso assinado, nomes de outros investidores e quanto da rodada está no banco ou circulante. Sobre o instrumento de investimento, se for um SAFE ou um mútuo conversível, tenha sempre os documentos disponíveis. Se o investimento for uma rodada com um target predefinido, sempre forneça o cap table com as devidas diluições para a rodada, mostrando a capitalização pre-money, a conversão de quaisquer SAFEs e/ou mútuos conversíveis e os valores de ações correspondentes, como as ações ficam precificadas e a capitalização post-money com as respectivas diluições.
No final, manter um Deal Room é uma forma de demonstrar uma preparação assertiva para o processo de captação de investimentos e oferece mais confiança para os investidores, uma vez que estes associam essa maior acuidade do empreendedor com excelência de execução. E uma boa execução não tem preço!
Para debater mais sobre esse tema, criamos uma sala no ClubHouse, “The Deal Room”, toda 5ª feira às 17h, horário de Brasília. Siga Robert Janssen e Claudia da Matta da OBr.global, Amit Garg da TauVentures e Orlando Cintra da BR Angels no app e ative as notificações. Não perca! Até lá!
Sem Comentários